quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Critérios e Roteiro de Apresentação 2GQ

Aula de Edição_Turma NL2

Produção das Agências de Notícias_Cronograma/Calendário

Seminário de Resultados das Agências Populares de Notícias







Datas de apresentação: Dia 21 (sexta-feira), 25 (terça-feira) e 28 (sexta-feira)

Critérios de Avaliação
Tempo de duração - 15 minutos
Formato: datashow ou filme
Um representante do grupo apresenta os resultados
Avaliação: de zero a cinco pontos
Banca examinadora com três convidados (a nota é revelada no final das apresentações)

Dia 21 (Sexta-feira)
1- Morro da Conceição
2- Boa Viagem (Setúbal)
3- LGBT
4- Casa Amarela

Dia 25 (terça-feira)
1- Portadores de Deficiência (Projeto Integrar)
2- Imbiribeira (Catadores de Papel do Recife)
3- Várzea
4- Roda de Fogo

Dia 28 (Sexta-feira)
1- Bomba do Hemetério
2- Mangabeira
3- Jardim Piedade (Comunidade da Paz)
4- Espinheiro

Projeto Revista 4 Elementos







Critérios de Avaliação
Pontuação: de zero a 10 pontos
Produção de Textos-Critérios
- Conteúdo informativo
- Organização de Idéias
- Orotografia
Prazo de Entrega:
Dia 18 de novembro - Entrega do esboço da matéria (terça-feira)
Dia 21 de novembro (sexta-feira)
Entrega do texto final

JC Online_Sala 304



Nesta sexta (14), o diretor de mídia do JC OnLine, Gustavo Teodósio e a jornalista Inês Calado vão estar na aula de Edição, falando sobre o projeto multimídia do portal pernambucano e a aventura de editar para internet.

Local: Bloco A - Sala 304
Horário: 20h15

Edição_Manual_12

Amílcar de Castro



O escultor mineiro Amílcar de Castro (1920-2002) escreveu sua história no Jornalismo Brasileiro ao trazer novas e ousadas formas gráficas aos jornais. A partir de 2 de junho de 1959, Castro passou a adotar, no Jornal do Brasil, formas concretistas de paginação, com exploração dos espaços em branco. Essa forma foi testada progressivamente nos anos seguintes.
Entre outras novidades, o artista trabalhou o contraste da composição de textos organizados na vertical e na horizontal, eliminou “gorduras ornamentais”, como fios, espaçou a distância entre as colunas, adotou títulos em minúsculas, padronizou as fontes tipográficas e as laudas (30 linhas, 72 toques) e promoveu ousadias, como uma página sair completamente branca e ter apenas um pequeno poema.

JB antes e depois de Amílcar de Castro



Edição_Manual2_11

História dos Conflitos entre Textos e Design

Estudos afirmam que a Pedagogia do Design baseado na interpretação sugere que a percepção é filtrada pela cultura, ou seja que a recepção de uma mensagem varia por tempo e espaço e que as convenções, como formato, estilo, simbolismo, etc; não seriam universais. Ao desenhar, um diagramador estará comunicando algo que pode ser decifrado ou absorvido inconscientemente.

O principal efeito dessa ideologia da percepção exclusiva é uma segregação entre visão e linguagem. É a outra face dos jornalistas “de texto” com as concessões dadas aos departamentos de Arte e Projeto Gráfico.

A história da informação impressa pode ser contada por seus conflitos com a página. Quando o Jornalismo Político-Literário dominava a cena, o impacto visual de uma página era muito diferente . Boletins com poucas páginas forçaram séculos de letras minúsculas para sustentar textos e reduzidos assuntos por página. Os textos eram organizados como se fossem livros e sem títulos ou divisões.

No Brasil, um argentino chamado Guevara chegou em 1941 e trouxe uma nova forma de distribuir informações e paginar jornais. Ao trabalhar no jornal Meio Dia, profissionalizou a operação e a estética predominou sobre a funcionalidade dos recursos. Só tempos depois a lauda padronizada iria se impor como padrão industrial de toda a imprensa.

Algumas iniciativas de enfatizar o visual sobrepuseram a imagem sobre a informação. Quanto mais jovem o público-alvo, maior a prevalência da percepção sobre a informação. Isso acarreta em páginas informativas e publicitárias muito parecidas. Atualmente, a evolução tem sido por estruturas narrativas breves e simples, mais coloridas, com mais imagens e algum ingrediente interativo. Acima de tudo, com muito menos texto. Muitas vezes, se corta texto sem qualquer critério. Uma parceria sem conflitos entre projetistas gráficos e jornalistas de texto é o ideal para qualquer trabalho de edição.

Edição_Manual2_10

Mapa da Zona Ótica

Alguns mitos jornalísticos foram derrubados por uma pesquisa feita pelo Instituto Poynter, nos Estados Unidos. Trata-se do Estudo Eyetrack em que voluntários colocaram um equipamento especial capaz de detectar o movimento dos olhos à medida em que realizam leituras. A primeira pesquisa, em 1999, foi para os jornais e a segunda pesquisa, em 2000, analisou o comportamento em relação à Internet




















O











Eyetrack Reserach parte de uma pesquisa mais ampla da Universidade de Stanford e desmistificou certezas do design das páginas:
• Que a página ímpar é mais lida do que a par;
• Que o título e a foto maior devem vir no alto da página;
• Que a direção do olhar na página é espiral, de cima para baixo

A pesquisa dinamitou o “mapa da zona ótica”, expediente usual de orientação em projetos gráficos, um roteiro por onde os olhos do leitor tendem a passar de forma espontânea. O estudo, no entanto, mostrou que o olho do leitor vai para onde o diagramador determinar. Ainda que uma matéria menos relevante (e com letras menores) esteja no alto da página e a matéria mais relevante (com letras “garrafais”) esteja na parte de baixo da página, o olho vai de imediato onde a letra estiver mais chamativa.
Ainda de acordo com o estudo, se as páginas pares estiverem mais chamativas do que as ímpares, o olho vai direto para elas e elementos de imagem chamam a atenção, não importa em que página estejam. Traduzindo: a percepção é dirigida pelo emissor da mensagem.

Edição_Manual2_09

A Leitura do Olhar

A composição visual de uma página acabou inserindo certas “verdades absolutas”, com uma propriedade consistente:

- Simplicidade = Eliminar o supérfluo. Quanto mais itens, maior o esforço visual. Quanto mais focos de atenção, mais difícil a captação de conteúdo. Quanto menos variedade de tipos, melhor identificação tem o veículo.

- Unidade = Cada elemento é subordinado ao Motivo Principal.

- Harmonia = Trata-se da unidade sem violação, com correspondência de partes e proporção.

- Proporção = A forma se torna mais interessante se o comprimento for a metade da largura. Se o espaço for dividido por três, um é dominante e os outros se relacionam entre si.

- Equilíbrio = Ordena e une harmonicamente as unidades da composição, podendo lançar mão de dois métodos: Balança Ordinária e Balança Romana

- Tipologia = Letras serifadas (como se fossem “pezinhos” em letras tipo a Times New Roman) para textos corridos e letras sem serifa (tipo Arial) para os títulos.

Edição_Manual2_08

Informação a Olho nu

Quem trabalha com Design Gráfico sabe que o fechamento de uma página e o planejamento visual emite informações sobre o material e a identidade de quem distribuiu os espaços de tal maneira. Nada é por acaso. Títulos, fotos, matérias, tudo tem sua autonomia e o conjunto também emite uma mensagem. Vejamos a primeira página da Folha de São Paulo de 04 de dezembro de 2003:

• Número 1) Foto do Confronto entre PMs e Ruralistas no Rio Grande do Sul. Os ruralistas tentavam impedir uma marcha do Movimento dos Sem-Terra

• Número 3) Foto de uma vidraça com um buraco de bala; trata-se de um posto da PM Paulista, que fora invadido pelo PCC

• Número 4) Foto de um confronto no futebol. O São Paulo e o River Plate entram em confronto durante partida na Copa Sul-Americana

• Número 2) Manchete Governo cede e já negocia prorrogar a guerra fiscal

• Número 5) Chamada Lula pede a árabes que invistam no Brasil

• Número 6) Chamada Ex-Chefes do BC são acusados de improbidade

• Número 7) Chamada Juiz afastado é réu em novo processo por corrupção

• Número 8) Chamada Inflação em 12 meses cai para 10%

Quem lê profundamente a primeira página, acaba concordando com o direcionamento editorial do Jornal, que mantém vigilância sobre o Governo Federal: um governo “fraco” (número 2), que depende da ajuda do estrangeiro (número 5) enquanto o País vive um caos (número1, 3 e 4) e seus funcionários são acusados de irregularidades (número 6 e 7). E que a inflação cai apenas em locais onde a oposição governa (número 8). Essa análise foi do livro Guia para a Edição Jornalística.

Agora você observe a ilustração abaixo e tire suas conclusões:

Edição_Manual2_07

Crisis: Um caso de definição de projeto



O jornalista Eduardo Galeano

No livro Guia para a Edição Jornalística, é citado o caso da revista Crisis, que circulou no Uruguai, na década de 70, durante o Regime Militar que assolava aquele país. O jornalista e escritor Eduardo Galeano (autor do livro As Veias Abertas da América Latina) descrevia a revista dessa forma:

- A cultura não terminava, para nós, na produção e consumo de livros, quadros, sinfonias, filmes e obras de teatro. Nem começava ali. Entendíamos por cultura a criação de qualquer encontro entre os homens e eram cultura, para nós, todos os símbolos da identidade e da memória coletivas (...) Por isso, Crisis publicava entre poemas, contos e desenhos, relatórios e reportagens sobre o ensino mentiroso da História nas escolas ou sobre os truques das grandes multinacionais que vendem automóveis e também ideologia. Por isso, a revista denunciava um sistema de valores (...) e o jogo sinistro da competição e do consumo que induz os homens a usarem-se entre si e a esmagarem-se uns aos outros.

Alguns exemplos dessa busca pela linguagem do povo estavam nos cantos indígenas, nas cartas de presos políticos, nos grafites dos muros, nas mensagens vindas dos internos em manicômios e até mesmo nos diálogos das crianças. Com essa personalidade, um veículo tem um jeito próprio de abordar as questões em que se detém, uma escolha de temas e enfim, a definição da forma que será vista pelo público leitor.

Edição_Manual2_06

Projeto Editorial

Lutar contra o tempo e contra as limitações de espaço condicionam parte substancial do planejamento de uma notícia. Apesar desses reveses, o veículo busca uma identidade, uma leitura própria do mundo e da vida que nos cerca, o que define os laços com o leitor. Alguns fatores são levados em consideração:

- Sumário do Produto = Formato, periodicidade, cobertura geográfica, distribuição ou circulação, etc.);

- Importância Estratégica = Pesquisas de mercado sobre índice de leitura/audiência;

- Público = Perfil (faixa etária, poder aquisitivo, gênero e grau de instrução) e instrumentos de medida (pesquisas com amostras por filtro de interesses)

- Armas contra a concorrência = Pontos Fortes e Pontos Fracos

- Orçamento = Mensal e Anual.

Em cada etapa de planejamento, o editor exerce o controle de qualidade, analisando a sua abordagem da realidade.

Edição_Manual2_05

A Divisão de Trabalhos

Reportagem, seja ela rotineira ou não, sempre deve ter um planejamento. No caso de situações-limite, podemos planejar conforme o quadro abaixo:





+ Repórteres x 1 Texto = Quando dois ou mais repórteres vão fazer uma matéria considerada trabalhosa para ser feita por um só profissional. Cada repórter responde por sua apuração e o editor geralmente amarra o texto final.

1 Repórter x + Textos = Quando um repórter dá conta de muitas pautas diferentes. É o que geralmente acontece no Jornalismo Diário. Pode ocorrer também de um repórter produzir uma reportagem especial e “simular” uma fragmentação de informações, em matérias principais, vinculadas e boxes.

1 Repórter x 1 Texto = A situação-limite se iguala ao resultado de que para vários repórteres terá um número idêntico de textos. È a situação tradicional de uma redação.

Edição_Manual2_04

A cobertura do Inesperado

Um acidente aéreo, a rebelião em uma penitenciária, a explosão de um prédio, um atentado, ou seja, fatos não-programáveis, imprevisíveis, coisa que nenhuma reunião de pauta seria capaz de prever. São fatos repentinos, mas que não justificam a falta de planejamento em uma cobertura. Jornalistas experientes até mesmo em cobertura de guerras mostram alguns cuidados que o profissional deve ter assim que explode um fato inesperado:

1. Resposta imediata - Partir para o local do fato assim que souber dele;
2. Agenda Interna – Contatos telefônicos dos setores da empresa jornalística
3. Caminho das Pedras – Saber a quem recorrer para fazer a cobertura, para obter dinheiro de emergência, passagens, transporte local, etc.
4. Disponibilidade de meios – Tanto de transporte como de comunicação
5. Agenda Externa – Contatos telefônicos de fontes (especialistas, instituições, autoridades do setor). Caso não seja da sua área habitual de cobertura, saber como localizar na redação tal agenda de números úteis.
6. Respaldo Operacional – Apoio interno para a cobertura: chefia para decisões de última hora, arquivo, links externos e plantonista para manter repórter de campo informado dos dados que chegam à Redação.
7. Remessa de material – Ter disponível motoqueiro, esquema de satélite ou de internet para o envio de imagens/textos à redação.

Justamente nas situações inesperadas que muitas vezes se revela a qualidade ética e técnica dos profissionais envolvidos na cobertura jornalística. A pressão para não perder algo se mistura ao desnorteamento natural diante de um episódio confuso, o que pode levar a coberturas trôpegas e insensíveis.

Edição_Manual2_03

A cobertura de Rotina

O planejamento de rotina é o de situações de agenda, como posse de governantes, estréia de peças teatrais ou mesmo repercussões econômicas de datas comemorativas, como Natal e Páscoa. Outra forma de planejamento de rotina é de situações inerentes às editorias: acompanhamento dos plenários das casas legislativas ou de treinos de futebol. Neste caso, também está a atuação das assessorias de imprensa, que conhecem a dinâmica jornalística, percebem o timing para uma informação influenciar uma cobertura e o conteúdo noticiado.

Quando se está fechando a edição do dia, o editor deve ter em mente algumas coisas: das notícias de hoje, quantas já sabia? Ele se preparou para elas, antes que a informação chegasse à concorrência? A equipe precisou “correr atrás do prejuízo?
Já na edição em preparação, o editor deve se perguntar: houve acesso ao material necessário para decidir sobre a edição? Quais objetivos tem a reportagem? Houve obstáculos? Eles poderiam ter sido evitados? Nossos valores estão sendo impostos ao leitor? Os recursos de edição estão no contexto da matéria? Qual a real importância do que está sendo privilegiado na edição?

Para as edições seguintes, as perguntas são: O que já existe de pauta para a amanhã ou depois? O que pode ser exigido da equipe? Um repórter pode dar conta da cobertura ou é necessário mais pessoas da equipe? Qual a infra-estrutura necessária?

Normalmente, o editor participa de duas reuniões diárias, sendo uma pela manhã com os pauteiros e a chefia de reportagem e as apostas do que pode render durante o dia. E a outra, no final da tarde, com o levantamento do material apurado, incluindo noticiário inesperado ocorrido ao longo do dia. Semanalmente, o editor também participa de uma reunião semanal, com as apostas e a agenda do que é previsível.

Edição_Manual2_02

Rotinas Produtivas

O que vai virar notícia, geralmente, é influenciado por três níveis de trabalho: o do jornalista, o da organização e o da comunidade profissional. Tudo isso, claro, seguindo valores subjetivos, como o caráter do jornalista, a produção empresarial e os valores que sustentam a categoria profissional. O jornalista precisa, ainda, lidar com dois fatores em seu trabalho: a milimetragem do espaço e o tempo (leia-se deadline).

O que vira notícia segue obrigatoriamente três critérios: a territorialidade geográfica (as regiões mais importantes do país e do mundo têm mais espaço do que comunidades periféricas); a especialização temática (divisão em editorias, uniformizando a vida social) e a especialização organizacional (sucursais, correspondentes, agências de notícias, que selecionam e determinam o que é notícia ou não, de acordo com os critérios anteriormente citados)
A questão do tempo é fator primordial, pois a partir do momento em que a edição da terça-feira está pronta, já se pensa na edição de quarta-feira. Isso leva ao planejamento de dois tipos de cobertura: as coberturas de rotina e as coberturas de fatos inesperados.

A necessidade de lutar contra o tempo levou as empresas jornalísticas a consolidar formas de controle sobre a imprevisibilidade dos acontecimentos numa nova tentativa de fixar aquilo que está em movimento contínuo. Isso se concretiza em uma série de procedimentos editoriais usados para o planejamento de coberturas.

Edição_Manual2_01



O Ônibus 174 e o Planejamento da Notícia

A história de Sandro do Nascimento, que agora chegou aos cinemas, foi marcada pela miséria e pela tragédia. Ainda pequeno, viu a mãe ser assassinada. Aos oito anos, escapou de morrer na Chacina da Candelária, em 1993. Em 2000, protagonizou um seqüestro ao ônibus 174 (hoje chamada de linha 158). Acuado pela polícia, sua saga foi transmitida para todo o País através da mídia. Resultado: acabaram mortos o próprio Sandro, além da arte-educadora cearense Geísa Firmo Gonçalves, grávida de dois meses.

Enquanto a TV não soube lidar com o improviso, os jornais acabaram por fazer uma cobertura completa. Inclusive com “furos” jornalísticos: a Folha de São Paulo (através de seu fotógrafo Luis Bittencourt) mostrou a foto de Sandro do Nascimento entrando vivo no camburão da PM (enquanto a versão oficial era a de que ele havia morrido em troca de tiros na saída do ônibus). Enquanto isso, O Globo teve como mérito o planejamento de cobertura, resultando na edição de 13 de junho de 2000:
Capa: a foto de Luís Bittencourt (a própria Folha colocou em páginas internas)























Concentração de Cobertura entre as páginas 15 e 20:
Página 15: Capa do assunto
Página 16: O ponto de vista dos 10 reféns durante o assalto
Página 17: O ponto de vista dos reféns antes do assalto + cronologia visual
Página 18: Os erros da polícia (um deles causando a morte de Geísa)
Página 19: Repercussão Oficial (autoridades e policiais)
Página 20: Repercussão Popular (o povo e a sociedade civil organizada)

Veja a ilustração da Primeira Página (destaque para as fotos de Sandro ainda vivo, entrando no camburão, e de Geísa, já morta)


Aula_18 de Novembro

Edição

Aula_14 de Novembro


Nesta sexta (14), o diretor de mídia do JC OnLine, Gustavo Teodósio e a jornalista Inês Calado vão estar na aula de Edição, falando sobre o projeto multimídia do portal pernambucano e a aventura de editar para internet.

Local: Bloco A - Sala 304
Horário: 20h15

Edição_Manual1_25

A cobertura de TragédiasFazer a cobertura de tragédias exige muito tato para não transformar informação em sensacionalismo, até porque os limites são tênues. Acima de tudo, deve-se respeitar as vítimas e suas famílias e se limitar à informação, sem transformar em show. Numa cobertura de tragédias, alguns aspectos devem ser levados em consideração:

• Qual a importância da informação que estou buscando?
• O público tem o direito de sabê-la?
• O público tem a necessidade de sabê-la?
• Que nível de proteção merece os envolvidos do fato?
• Que dano pode ser causado aos envolvidos com a publicação do fato?
• Os fatos se sustentam sem a invasão de privacidade?
• O que pode ser feito para respeitar a privacidade ao máximo?
• É necessário entrevistar os traumatizados de imediato?
• Que valor tem uma informação de alguém que esteja aflito, nervoso ou em choque?
• Como abordar uma pessoa para que ela seja entrevistada sem invadi-la?

Edição_Manual1_24

Gravações Clandestinas

O caso do jornalista Tim Lopes, que em 2002 pagou com a vida o trabalho jornalístico de utilizar câmeras escondidas reacendeu uma polêmica: o uso de grampos telefônicos, câmeras escondidas e afins. A sensação de que tudo no Brasil é feito “por debaixo dos panos” acabou florescendo essa “necessidade” da arapongagem. Tal tendência se combina à tecnologia, à sede de exclusividade e a um público faminto por “segredos de alcova”. A impunidade do aparelho de Estado também colabora para isso. Jornalistas viram detetives, promotores, juízes. Isso sem qualquer aparato legal.

Gravações sigilosas foram parar no Superior Tribunal de Justiça (STJ), segundo a qual a conversa entre duas pessoas pertence a elas e cada uma delas pode fazer o que quiser com o diálogo, inclusive gravar e divulgar a gravação, sem que o interlocutor tenha conhecimento disso. Enquanto no Brasil, o repórter está liberado judicialmente para isso, nos Estados Unidos, pode-se divulgar conversas gravadas, desde que o autor das gravações não tenha sido o jornalista.

Por outro lado, as câmeras escondidas já prestaram serviço público, como o caso da Favela Naval em São Paulo, quando imagens flagraram, em 1997, pessoas sendo torturadas e mortas por policiais. Com a divulgação nacional das imagens, o Governo Federal criou a Secretaria de Direitos Humanos, o Congresso Nacional aprovou a Lei da Tortura e por todo o País, surgiram outras denúncias de desmandos.

No fim de tudo, o que deve reinar é o bom senso.

Edição_Manual1_23

Cometer crimes para denunciá-los: isso é correto?

Crime é crime, não importa quem a cometa, nem para qual finalidade. Mesmo com a “nobre” intenção de denunciar, muitos jornalistas acabam na tentação de cometer delitos. Mas a reflexão deve ser feita: até que ponto o repórter tem moral para denunciar crimes que ele mesmo cometeu? O ideal é que a matéria seja feita de outras formas, até porque, o jornalista deve ser apenas o agente da reportagem, não seu objeto.

Mas há uma aceitação geral, pois matérias assim dão prestígio ao veículo e ao jornalista. Temos o caso do repórter Roberto Benevides, que nos anos 70, fez uma matéria para o jornal O Estado de São Paulo sobre carteiras de motorista tiradas no Detran com nomes falsos. O repórter adotou a alcunha de Bruce Wayne (identidade secreta do super-herói Batman), tirou a carteira falsa, denunciou o esquema e ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo.

Na outra extremidade, dois jornalistas alemães, da revista Max, para denunciar a insegurança contra o terrorismo, resolveram fabricar uma bomba caseira. Resultado: ao arriscarem uma explosão acidental que causaria danos a inocentes, os dois foram fichados como bandidos na polícia local.

Por isso que não é demais repetir a mesma frase do começo deste texto: crime é crime, não importa quem cometa.

Edição_Manual1_22

Off-the-record

Existem casos que apenas o sigilo garante a cooperação de uma fonte a uma determinada matéria. São situações em que a aparição é um risco para o entrevistado. Apenas em casos como esse que o Off pode ser aceito sem ferir a credibilidade do veículo. É diferente do caso de pessoas que, por erro de apuração, não perguntam o nome de quem foi entrevistado e acabam colocando a informação em off.

Sigilo exige cuidados, pois muitas fontes, em off, se aproveitando do anonimato, pode usar o jornalista para passar informações irresponsáveis e maliciosas, sem arcar com as conseqüências. Ainda mais diante de interessados na publicação de matérias, como lobistas e outras instituições de peso empresarial ou institucional.

O maior perigo do off é que editores e o público-alvo não sabe se a informação é do jornal ou de uma fonte anônima. Mas existem procedimentos para evitar erros:

• Só publique a informação se ela puder ser checada por outras fontes;
• Só publique a informação se a fonte é de confiança;
• Confronte e comprove as afirmações, sempre
• Revele ao editor as informações em off;
• Evite o off sempre que possível;
• Só proteja a fonte se ela correr riscos de morte ou desemprego;
• Não abuse de fontes ingênuas;
• Não se deixe abusar por fontes sofisticadas;
• Não admita confidencialidade posterior, não acordada nos encontros com a fonte;
• Não deixe a fonte se esconder no off para atacar quem quer que seja;
• Lembre-se sempre do poder da imprensa: você pode causar dano ou benefício;
• Uma vez que prometeu confidencialidade, mantenha sua palavra.

Edição_Manual1_21

Cuidados a serem tomados

O desafio de uma entrevista é preservar a comunicação. Ninguém tem a obrigação de ser um comunicador nato. Cabe ao jornalista adequar dificuldades de fala, excesso de gesticulações, eventuais gagueiras, pois ruídos de comunicação são normais em uma entrevista. Após a matéria, alguns cuidados devem ser tomados:


• Contextualizar declarações. Porque ironia falada pode parecer grosseria escrita; contundência nem sempre é ofensa e afirmação literal pode ofuscar a intenção original.

• Distinguir o que é dito em resposta a perguntas e o que é dito espontaneamente. Porque a fonte pode responder a provocações após se negar a falar, mas ter frases usadas como declaração autorizada.

• A pedido da fonte, mudar as declarações antes da veiculação. Afinal, ela pode mudar de idéia.

Uma reivindicação antiga das fontes é ler as matérias antes que sejam publicadas. A leitura prévia previne escorregões de transcrição, imprecisões e erros de percepção. Demanda tempo, que nem sempre é disponível. A negociação pode garantir a exatidão das informações e se usada com ética, é o caminho para a relação equilibrada entre o repórter e a fonte.

Edição_Manual1_20

Dilemas Editoriais

A interligação do jornalista com a fonte nem sempre é transparente e tranquilamente confiável. De um lado, o profissional tem que conviver com a pressão de encontrar a informação precisa do jeito que o veículo quer e na hora em que convier ao meio de Comunicação. Do outro, a fonte, que tem seus direitos, nem sempre respeitados. Mas alguns cuidados podem ser feitos em todos os momentos de uma entrevista.

O interesse informativo não pode ser usado como desculpa para a enganação da fonte, o uso da má-fé. Por isso, é sensato esperar que:

1. A fonte se recuse a falar ou que, caso queira, possa escolher hora e local, sem ser molestada no meio da rua;

2. A fonte expulse de casa ou de estabelecimento comercial de quem force a entrada;

3. A fonte recuse um repórter se considerar que pode ser prejudicada por ele e comunique ao veículo que aceita outro profissional;

4. O jornalista forneça a pauta livremente e se limite a ela, sendo informações extras para uma entrevista posterior;

5. A entrevista não seja alvo de acordo, pois interesse público não é moeda de troca.

Edição_Manual1_19

Conflitos da Ética

Quando a ética envolve vidas, os conflitos são mais polêmicos e profundos. O livro Guia para a Edição Jornalística, de Luiz Costa Pereira Junior, cita três casos extremos:

1. O trabalho infantil em uma fábrica numa cidade do Interior deve ser denunciado, mas se a denúncia causa o fechamento da fábrica, única fonte de renda da cidade e das famílias dessas crianças, o que fazer?
2. Um cientista está a um passo de conseguir descobrir a cura da Aids, mas só vai conseguir se usar bebês como cobaias humanas e conseqüentemente, matá-los. Que vidas são mais valiosas, as dos bebês ou as dos soropositivos?
3. Um repórter não pode mentir ou roubar. Mas se ele só tiver esses meios para conseguir uma informação que ajudará milhões de pessoas?

Que respostas devem ser as corretas nos três casos?

Pereira Júnior ainda cita o caso do fotógrafo Kevin Carter, que tornou-se famoso mundialmente ao fotografar no Sudão, uma criança que estava, literalmente, morrendo de fome e enquanto agonizava, um urubu estava pronto para dar o bote tão logo o menino morresse. A foto rendeu a ele o Prêmio Pulitzer de 1993. No entanto, Carter pagou um preço ao ser cobrado por nada ter feito pelo menino. Houve quem alegasse que ele estava no trabalho dele e não havia a obrigação de se envolver com a notícia. No final de tudo, o fotógrafo se matou, aos 33 anos, e deixou uma carta arrependida sobre a foto.

A forma como descrevemos um problema vai definir a posição que temos diante dele. Argumentos e fatores que selecionamos e priorizamos nos dizem para que lado vamos. Isso requer uma apuração própria, de reflexão e pesquisa. Na raiz da defesa universal de um princípio ético, estaria um esforço de investimentos de argumentos universais.

Em casos de conflitos éticos, o melhor procedimento para um jornalista será o que diante de conflitos éticos desafiadores, o profissional parar pra pensar nos que podem ser afetados por essas notícias, como se fossem pessoas próximas a nós. Isso humaniza o profissional e pode ajudar a cristalizar convicções.

No Jornalismo, a questão dos riscos sempre é um desafio para quem luta contra o tempo e sempre se vê em dilemas. Por isso, é preciso aprender com os casos anteriores, para que se estabeleçam conclusões que nos poupem a margem de erro e acabar com a arrogância de quem se considera seguro de si.

Antes de ser jornalista, a pessoa deve ser humana. Isso é fato. Isso é ética.

Edição_Manual1_18

A Ética do Editor

O Jornalismo é campo de difusão de informações vitais à sobrevivência da comunidade, a instância que vigia as diversas manifestações de poder e facilita a tomada de nossas decisões cotidianas. Para a sociedade, o Jornalismo é o motor social, capaz de fortalecer o pluralismo, garantindo a transparência e reafirmando a cidadania.

Na realidade, esses princípios são mais defendidos do que propriamente praticados. A pior face desse aspecto é justamente a questão ética, que sempre é posta à prova. Afinal, vivemos em uma era de crises de juízos infalíveis e de grandes incertezas ao redor do mundo. Em outras palavras: por não ser uma lei obrigatória, a ética pode ser colocada em segundo plano, o que é um perigo, quando se trata de informações.

A ética é um hábito e justamente por isso, precisa ser exercitada continuadamente. Hábito é comportamento, descreve a mecânica de ação. Mas qual é o conteúdo do aprendizado social da ética, o seu maior mérito? O famoso dito popular: “não faça com os outros aquilo que não queira que façam com você”. Dessa forma se aprende os valores mínimos para se viver em uma comunidade. Isso é Ética.

No Jornalismo, o profissional deve levar a ética em consideração sob três aspectos: a fonte, o público-alvo e a sociedade como um todo. Isso é condição básica do ofício. Como diria Gabriel García Marquez, “Jornalismo e Ética são tão inseparáveis quanto o mosquito e o zumbido”.

Edição_Manual1_17

O Habitus noticioso e a circulação de notícias

O que vai virar notícia tem implicações importantes, como a “pasteurização” de pautas e a perda de diversidade das notícias, a chamada “escolhas sem sujeito”, frase cravada por Pierre Bordieu no livro Sobre a Televisão. Na base de tentativas e erros, os jornalistas acabam filtrando os padrões de conduta editorial.

Com a pressão do prazo-limite e da periodicidade, as redações acabam por desenvolver métodos de antecipação de procedimentos e a conseqüente redução de esforços. Segundo Clóvis de Barros Filho, em Habitus e Pauta Jornalística, esses procedimentos dispensam cálculo estratégico antes de serem utilizados, sendo aplicados no “piloto automático”, pois estão incorporados num processo de socialização profissional.

De que maneira as seqüências da realidade, constatadas pelo observador, dispensam cálculo, permitem antecipações, geram reações? De acordo com Barros Filho, casos idênticos acabam por ser absorvidos na falta de singularidade. Resultado: o “faro jornalístico” acaba perdendo a capacidade de reflexão e ganha um aspecto empírico, ou, como se diz na gíria, “ir pelo tato”.

Outro costume é noticiar algo (em nome do “interesse público”) só porque a concorrência o faz (quando justamente o Jornalismo preza pelo diferencial). Na prática, os veículos se copiam mutuamente. Os jornais estão cada vez mais parecidos, especialmente com os demais veículos, cada vez mais rápidos.

Dessa forma, os filtros, os costumes, os consensos e tradições acabam construindo carapaças que nada mais servem do que para alavancar muitas carreiras profissionais. É a máscara que se torna mais verdadeira do que o próprio rosto.

Edição_Manual1_16

Saberes Transversais

São chamados assim por se tratar de toda a categoria jornalística, independente de qualquer empresa. O campo jornalístico tem suas regras e exigências para a formação do caráter de quem redige, apura e edita os acontecimentos.Esses saberes são apreendidos pelo vocabulário de precedentes, validado como cultura profissional a ser adotada em qualquer posto de trabalho:


o Saber de Reconhecimento = A capacidade de identificar o que é ou o que não é notícia;

o Saber de Procedimento = A capacidade de operacionalizar uma investigação jornalística;

o Saber Narrativo = A capacidade de formatar informações em um texto altamente funcional, atendendo ao repertório de histórias que soam coerentes para o público.

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Zonas de Autonomia

O sociólogo Warren Breed listou algumas formas de driblar o controle empresarial, para mostrar que apesar do conformismo, sempre é possível ao jornalista construir zonas de preservação da própria autonomia:


• Falta de Clareza – Muitas normas editoriais são vagas e não estruturadas;

• A ignorância das chefias – Tendo contato direto com os fatos que seus superiores não têm, os jornalistas usam o livre-arbítrio sobre fatos minúsculos, como, por exemplo, falas, entrevistados e fatos que vão entrar no texto final.

• A prova forjada – Forçar a entrada no noticiário de pauta sobre assunto desprezado pelo veículo, até mesmo publicando a matéria em outro veículo.

• Autonomia seletiva – Desenvoltura em certas pautas (dar continuidade a matérias que descobriu, o setorista privilegiar ou abafar casos na cobertura de rotina)

• O Estatuto Profissional – A posição hierárquica e o status interno podem garantir transgressões à política editorial.

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O peso da empresa

A contestação à figura do gatekeeper enfatizou, já na década de 1950, a importância da estrutura burocrática das organizações empresariais e as crenças disseminadas pela comunidade profissional como fatores predominantes sobre o trabalho jornalístico e nem tanto o julgamento pessoal.

Em 1955, o sociólogo Warren Breed estabeleceu uma nova concepção sobre o Jornalismo: A Teoria Organizacional, segundo a qual as notícias são resultado de processos de interação ocorridos dentro da organização empresarial. De acordo com a Teoria Organizacional, o jornalista se antecipa às correções e broncas entregando um trabalho que não desagrade a seus superiores. Assim se consolida o controle editorial, ainda que de forma sutil e sem que o empregado/jornalista perceba.

Seis fatores estimulam o conformismo à Política Editorial vigente:

1. O temor da autoridade e das punições;
2. Os sentimentos de obrigação e estima com seus chefes;
3. As aspirações de mobilidade;
4. A ausência de grupo de lealdade em conflito;
5. O prazer da atividade;
6. As notícias como valor máximo (o jornalista é estimulado em investir sua energia em obter mais notícias e não em contestar a política da empresa).

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O Gatekeeper

O comportamento do editor acaba sendo moldado pelos comportamentos condicionados pela organização e pela comunidade profissional. Desde a década de 1930, estudos sobre a atividade jornalística passam a explorar os filtros que dão suporte a decisões editoriais nem sempre objetivas. Em 1942 surge a figura do Gatekeeper e em 1950, esse conceito é aplicado ao Jornalismo. Em suma, o gatekeeper se trata de um “filtro” que controla a entrada e a saída de informações.

Os critérios de objetividade, perseguidos pela “Teoria do Gatekeeper” têm um sério efeito colateral: a transferência de responsabilidade ética. Porque a culpa pelo sensacionalismo, pelas manipulações e pelas “derrapadas” na ética são do gatekeeper. Isso isenta os repórteres e transfere a fatura para quem tem autoridade: o editor, o chefe de reportagem, o pauteiro, o diretor de redação, etc.

Esse conceito integra a teoria dos sistemas sociais como um racionalizador de demandas informativas (inputs) que ingressam na caixa preta do sistema noticioso. Os estímulos da realidade são captados pelo controlador de notícias, que transformam informações em notícias editadas. Em outras palavras, a escolha do que vai ser “consumido” pelo leitor/ ouvinte/ telespectador/ internauta é filtrada antes mesmo de ocorrer o consumo da informação.

Essa teoria foi contestada e considerada como “limitada” e enumera três fatores para isso:

1. A informação jornalística é analisada apenas sob a perspectiva de quem a produz, não a do consumidor ou mesmo da empresa jornalística.


2. Para acentuar a idéia de seleção, a teoria da ação pessoal minimiza outras dimensões importantes do processo de produção das notícias.


3. As conclusões dessa teoria foram confrontadas por outras pesquisas que mostraram como o jornalista exerce sua liberdade “dentro de uma latitude limitada”.

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Malícias Editoriais

Quando um jornalista é convidado a ser editor de uma publicação, pressupõe-se que o profissional carrega anos de experiência, aprendendo a incorporar visões de mundo sem se sentir manipulado pelo sistema. Mas isso, como diria uma frase-clichê, é uma “faca de dois gumes”, pois faz com que o editor se arrisque a cair em armadilhas que afetem o julgamento dos fatos. Em meio à roda-viva dos fechamentos, muitos editores acabam tornando-se reféns de lobbies, assessorias de imprensa e dos patrões.
Editorializar a pauta – A mídia não precisa mostrar ostensivamente suas preferências, pois consegue mostrar os dois lados e ainda assim omitir dados esclarecedores. Por exemplo, se um veículo de Comunicação apóia um candidato, não faz propaganda dele, simplesmente enfatiza eventuais falhas/defeitos de seus adversários.

Editorializar a página – Não existe, de forma alguma, isenção no fechamento das matérias. Ao escolher uma imagem, uma foto, uma pose, o editor escolhe automaticamente um personagem. Da mesma forma, pode ocorrer o contrário, como o corte de fotos, gráficos ou informações.

Conservadorismo – Os pressupostos acabam por contaminar a notícia dos fatos, justamente ao seguir a regra de noticiar sempre o que é “de interesse”. Assim, as notícias envolvem acontecimentos e não contextos (que muitas vezes explicam e causam esses fatos), privilegiam pessoas em detrimento de grupos, destacam conflitos em vez de consensos e dá luz ao que atualiza o fato, não ao que o explica.

Tempo – O dead-line é o “bode expiatório” desse comportamento editorial, pois com a desculpa de “correr contra o relógio”, acabamos por ver falhas na apuração, trabalhos mal-feitos e a constante preocupação de não levar um “furo” da concorrência.

Julgamento – A Imprensa, muitas vezes, acaba tomando o papel do Estado, ainda mais em países como o Brasil, em que o Poder Público se mostra falho. Isso traz como conseqüência as condenações e absolvições sumárias

O Jogo das Fontes – As fontes são necessárias para que se tire dúvidas ou se chegue a novas informações. No entanto, alguns entrevistados tentam reverter a situação de modo que a matéria se torne favorável a eles. Cabe ao editor filtrar as informações e a forma como elas são fornecidas.

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Edição: Uma questão pessoal

Editar um texto, independente de ser audiovisual, on line ou impresso, é uma questão de caráter porque mostra muito do editor. Pensamentos, cultura, nível de informação, tudo é determinante nas edições. Além de coordenar coberturas e fechar edições, o editor também precisa lidar com os setores comercial, administrativo e de Marketing.
Para ser um editor, é preciso, acima de tudo, saber hierarquizar as informações. E em cada tipo de veículo, existem formas distintas para isso:

- No veículo impresso, o editor:• Define um espaço (matéria de página inteira, meia página ou nota)
• Determina a localização (alto de página, rodapé, etc.)
• Considera se rende imagem (charge, foto, infográfico, etc.)
• Privilegia os textos prontos a tempo do deadline

- Nos veículos audiovisuais, o editor:
• Delimita o tempo da matéria
• Ordena as notícias de acordo com critérios próprios
• Escolher entrevistados e momentos mais propícios, considerando a ambientação

- Nos veículos on line, o editor:• Segmenta as notas
• Determinar a localização (alto de página, rodapé, etc.)
• Considerar se rende imagem (charge, foto, infográfico, etc.)
• Privilegiar os textos prontos a tempo do deadline

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

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Couraça de Caráter

Luiz Costa Pereira Junior, em seu livro Guia para a Edição Jornalística resume bem o aspecto humano da Edição Jornalística: “Ser editor é um teste de caráter”. E não se trata de sensacionalismo, pois tratar do fechamento de um jornal é lidar com prestação de serviços, informações que podem levantar ou mesmo destruir vidas.

Além disso, o editor também é um administrador, pois precisa conviver, se reunir e tomar decisões junto a administradores, profissionais de Marketing, os departamentos Comercial e Industrial e o dono do veículo. É nesse “jogo de cintura” onde o editor trabalha e desenvolve toda a linha de decisões a serem tomadas.

Editar significa valorizar a informação, dar peso à notícia e hierarquizar as pautas:

- No Jornalismo Impresso, a pauta rende matéria de primeira página ou notinha de rodapé? Cabe fotos ou infografias? Onde colocar as matérias?

- Nos meios audiovisuais, a pauta pode render quanto tempo? Vai ter entrevistados?

- Na internet, o assunto rende espaço na homepage? Ou será preciso acrescentar mais alguns links?

Em outras palavras, editar é escolher. A notícia resulta de triagens e exclusões em todas as fases da produção jornalística. E tudo ao sabor dos fatos e da importância que eles possam ter ao longo da jornada.

Não podemos esquecer que para manipular informações, não é preciso mentir. Basta saber construir um jogo de palavras de acordo com interesses políticos, econômicos ou morais. Aí entra o lado humano do editor, em especial, o seu caráter.

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O fim do mundo pelos jornais

Esta anedota clássica do Jornalismo demonstra como jornais e revistas do Brasil e do Mundo fariam suas manchetes anunciando o Final dos Tempos:

NOTÍCIAS DO FIM DO MUNDO
Jornais

The New York Times

O MUNDO VAI ACABAR

O Globo

GOVERNO ANUNCIA O FIM DO MUNDO

Jornal do Brasil
FIM DO MUNDO ESPALHA TERROR NA ZONA SUL

O Dia
FIM DO MUNDO PREJUDICA SERVIDORES

Folha de São Paulo

SAIBA COMO SERÁ O FIM DO MUNDO (ao lado de um imenso infográfico)

O Estado de São Paulo
CUT E PT ENVOLVIDOS NO FIM DO MUNDO

Zero Hora
RIO GRANDE VAI ACABAR

A Notícia
PSICOPATA MATA A MÃE, DEGOLA O PAI, ESTUPRA A IRMÃ E FUZILA O IRMÃO AO SABER QUE O MUNDO VAI ACABAR!

Tribuna de Alagoas

DELEGADO AFIRMA QUE FIM DO MUNDO SERÁ CRIME PASSIONAL

Estado de Minas
SERÁ QUE O MUNDO ACABA MESMO?

Jornal do Comércio
JUROS FINALMENTE CAEM!

Jornal dos Esportes
NEM O FIM DO MUNDO SEGURA O MENGÃO!

Correio Braziliense
CONGRESSO VOTA CONSTITUCIONALIDADE DO FIM DO MUNDO

Notícias Populares
O MUNDO SIFU, ACABOU-SE TUDO!

Revistas

Veja
EXCLUSIVO: ENTREVISTA COM DEUS
- Por que o apocalipse demorou tanto
- Especialistas indicam como encarar o fim do mundo
- Paulo Coelho: "O profeta viu o fim do mundo e chorou"

Nova
O MELHOR DO SEXO NO FIM DO MUNDO

Capricho

TESTE: SEU NAMORO VAI ACABAR ANTES DO FIM DO MUNDO?

Playboy
NOVA LOIRA DO TCHAN: UM APOCALIPSE DE SENSUALIDADE!

Info Exame
100 DICAS DE COMO APROVEITAR O WINDOWS THE END!

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Dicas de Edição

– Cada página deve ser tratada como um universo, com sua própria manchete – o abre – no topo da página, espaço em que se deve priorizar uma matéria.

– É preciso ter padrão de página, o jornal tem de ter identidade e unicidade. A menos que faça parte de um planejamento gráfico muito específico e demasiadamente arriscado.

– Fuja de títulos muito grandes.

–Legenda em mais de uma linha desequilibra a página – o ideal é que ocupe o limite da base da fotografia, numa linha completa.

– É preferível que um artigo fique abaixo das matérias, ou que tenham uma página específica.

– Olho em matéria secundária desequilibra a página e polui, não use.

– Não disponha as matérias numa página como se estivesse empilhando tijolos.

– Foto também tem de ser informação, como tudo em um jornal. Fotos de grupo, se pequenas demais, não passam informação, pois as pessoas estarão irreconhecíveis.

– Todas as pautas relacionadas de uma mesma editoria devem estar numa mesma página, pois a leitura tem de ser fácil e prática.

– A disposição de todas as matérias deve ser priorizada pela relação das pautas e sua importância.

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A Importância do Título

O título funciona como vitrine da notícia, chamando o leitor para o texto, ou afastando-o para longe, como uma vitrine que atrai(ou repele) um cliente para dentro de uma loja. Títulos errados, muito longos, podem levar o leitor a se desinteressar pelo texto.

Uma das técnicas que se usa para despertar o interesse do leitor é evitar que o título se esvazie em si mesmo, dispensando o prosseguimento da leitura. O título é a peça fundamental que deve resumir a idéia básica do texto devendo para isso atrair e persuadir o leitor para que compre a idéia de ler a mensagem.

Na verdade, titular é uma verdadeira arte, acrescentando que nem todo redator saiba titular, embora consigam redigir matérias excelentes. Por isto muitos jornais costumam ter profissionais especializados nesse tipo de trabalho: os tituladores...As características exigidas do título são: palavras curtas, usuais, colocadas em estilo correto. O título deve ser claro e corresponder exatamente ao conteúdo do texto que ele resume e interpreta, ou seja, precisa atrair o leitor e conquistá-lo”.

Qualquer observador pode julgar um jornal por seus títulos. Eles dão tom da publicação – séria, escandalosa, equilibrada, além de informar sobre a qualidade de seus redatores e sua capacidade criadora. Ao escrever poucas palavras o profissional já mostra quanto é capaz e evidencia o grau de experiência na profissão. Um mau título altera e pode até mesmo destruir a qualidade de uma boa matéria.

Outra técnica importante é dar ação e atualidade ao título colocando o verbo no presente sempre que possível. Títulos sem verbo, são mais apropriados para o box de apoio ou de serviço, ou para matérias igualmente frias, editoriais, artigos assinados, crônicas etc. Nunca na notícia. É igualmente importante que o corpo da matéria repita a idéia contida no título para que não se crie uma desvinculação entre título e texto.

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Edição: O diferencial de um veículo de qualidade

Um fechamento bem feito é o diferencial entre um veículo de qualidade e um veículo amador. Numa pequena revista ou jornal, você pode ter a melhor matéria do mundo, mas se desconhecer as bases desse ofício, tudo vai parecer de segunda categoria.

NÃO REPITA INFORMAÇÃO – O fechamento, conjunto composto de títulos, linhas finas, olhos, legendas, intertítulos e chamadas, formam um “texto” à parte, que se alimenta da matéria, mas não repete suas frases. É comum na imprensa a colocação das mesmas informações em títulos e legendas. Na maioria das vezes o fechamento é a única coisa que o leitor vai prestar atenção, portanto não se pode desperdiçar essa oportunidade. Crie cada elemento desse trabalho como se estivesse escrevendo uma reportagem ou burilando um texto final.

A reportagem, se for boa, possui inúmeros itens que podem ser destacados. Você pode usar o título como “isca” de leitura para o lead, a legenda para o corpo da matéria e assim por diante. Fechar não significa livrar-se da última etapa da edição. Ao contrário, esse é o momento mais importante, em que as coisas ficam por um fio e tudo pode ir por água abaixo. E não se esqueça que o título da matéria principal devem ser dois: um na capa e outro no miolo do jornal ou revista, e ambos não podem ser o mesmo texto.

LEGENDAS – A legenda tem suas manhas. Se a foto tiver dois personagens, o que está à esquerda é citado primeiro, e não o contrário. Uma foto não pode estar fora da página em que está o personagem citado: a legenda se refere a algo no corpo da matéria que está ali naquele espaço que o leitor está vendo. Costuma-se colocar o nome do personagem acompanhado de dois pontos, seguindo-se uma frase entre aspas ou algo que se reporte ao que ele é ou disse. Esse é um esquema bem batido, que merece ser mexido um pouco. É tão lugar comum que se coloca dois pontos quando nem é necessário.

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Como a falta de atenção detona um trabalho de Edição

O artigo abaixo mostra de que forma uma desatenção editorial acabou entrando para o hall das “Pérolas do Jornalismo”. Em setembro de 2005, o jornalista capixaba Sandro Fuzatto escreveu para o site Observatório da Imprensa sobre um erro crasso de edição. Vamos ao trecho do artigo escrito por Fuzatto:

A GAZETA, ESJornal manda leitor "sifu"
Por Sandro Fuzatto em 26/9/2005


Imagine a cena: 10 de setembro, sábado. Você acorda um pouco mais tarde, vai à sua banca de jornais preferida, compra seu diário informativo e volta para casa para lê-lo. Na sala, começa a passear os olhos e lê uma notícia e outra. Chega ao caderno de cultura (Caderno 2 – no caso, do jornal A Gazeta, do Espírito Santo) e encontra uma notícia sobre um exilado político da China que, agora, entre outras atividades, acabou de escrever um livro, que tem sido sucesso mundial.

Em meio à diagramação da página você encontra uns caracteres chineses. Bom, já é estranho o fato de um jornal escrito em português ter uma frase, destacada no meio da página, escrita em chinês. Mais estranho ainda é quando você gira a página do jornal em 90 graus no sentido anti-horário. A suposta frase em chinês é, na verdade, uma frase em português, escrita de maneira estilizada, passando-se por um texto em chinês. Ah, já ia me esquecendo de dizer, quando você gira a página do jornal, você pode ler, com todas as letras, a frase: "Vá se fuder!".


Se ainda não está acreditando, veja as imagens abaixo:

Figura 1 Página inteira do jornal A Gazeta do dia 10 de setembro de 2005.
Figura 2 Detalhe dos escritos "chineses”

Figura 3 Página do jornal virada. Assim dá para ver nitidamente o que estava realmente escrito no jornal A Gazeta de 10 de setembro de 2005.

Apenas um engano
Curioso como todo jornalista, procurei logo me informar sobre o que acontecera. Primeiro, li toda a matéria, atenciosamente, para saber se o tal escritor chinês não estava fazendo algum tipo de publicação com mensagens subliminares ou algo parecido. Li tudo, não havia nada na matéria em relação ao simpático recado da "escrita chinesa". Liguei para a redação do jornal, falei com alguns jornalistas. Explicação: sobrou espaço na página, para ilustrar e compor a diagramação, procuraram na internet um símbolo, uma frase, qualquer coisa que lembrasse a China ou o chinês. Encontraram essa imagem, acharam-na bonitinha e publicaram.

Que lástima!
Acho que desse episódio fica uma lição e um ponto para reflexão.
A lição é simples: não se deve publicar em páginas de jornal, revista, livro ou seja lá o que for algo que não se compreenda. Corre-se o risco de fazer uma grande bobagem. Como o ocorrido neste caso.

O ponto de reflexão merece um pouco mais de explicação. É claro que o ocorrido no jornal A Gazeta, do Espírito Santo, foi apenas um engano. Certamente, ninguém em sã consciência colocaria algo semelhante nas páginas de um jornal diário.

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Elementos de uma boa edição

Título

Esta é a parte mais importante do texto. O título qualifica o texto e atrairá ou não a leitura. Claro, tem que fazer sentido com o tema central, mas deve chamar atenção e ter força de impacto. O título bom e adequado será sempre com poucas palavras.

Subtítulo
Complementa o título, podendo estar acima deste (o subtítulo “chapéu”) ou abaixo dele (subtítulo “sutiã”).

Abertura
Antes da matéria propriamente dita, é um recurso para conquistar o leitor para um texto longo. Não confundir com "Olho", que vamos explicar mais adiante. O jornalista-repórter está sempre fazendo as perguntas "o que", "onde", "quando", "como" e "porque". Esse é um indicativo de como fazer a abertura em função do tema central do texto. É a chamada "lead". É o gancho da matéria. Você apresenta diretamente os elementos que atraem a leitura.

Olho
Não se emprega ponto final e nem quebra de palavra. Resume de forma atraente e criativa o conteúdo do texto, sem repetir a idéia do título, mas completando seu sentido.

Intertítulo
É um título curto utilizado para dividir em blocos o texto de uma matéria, de modo a facilitar a leitura e a organização das informações. Deve ser curto e preciso, no máximo duas palavras. Cuidado para não repetir informações de título, olho ou legenda.

Legenda
É utilizada para explicar uma foto, ilustração ou gráfico. Muitas publicações não utilizam legendas para fotos, o que pode ser um erro, pois não facilita o entendimento do leitor.

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Revisão: Jargão Jornalístico

Cobertura: Deslocamento dos integrantes da reportagem a determinado local, para colher elementos, inclusive fotos, sobre o que ocorreu ou vai acontecer, a fim de ser elaborada a matéria.

Pauta: Designação dos principais assuntos que serão cobertos jornalisticamente, no dia-a-dia ou dentro de um prazo determinado.

Sucursal: Nome dado a escritórios, em cidades que não sejam a sede do jornal ou revista, nos quais trabalham redatores, repórteres, chefes de redação, fotógrafos e contínuos, com a finalidade de enviar diariamente matérias da região para a Redação.
Coluna: Seção especializada de um jornal ou revista.

Furo: "Matéria quente" publicada com exclusividade, em primeira mão.
Matéria: Tudo o que é produzido na redação.

Correspondente: Pessoa (jornalista profissional ou não) que envia notícias de sua cidade ou região, para um jornal com sede em outra cidade, estado ou país.

Foca: Jornalista principiante, sem experiência na profissão.

Tablóide
: Jornal com formato de 20 cm de largura por 38 cm de altura, equivalente à metade do tamanho standard (padrão).

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Revisão: Tipos de Textos Jornalísticos

Mais do que qualquer outro jornalista, o Editor deve estar ciente de quais são os tipos de textos jornalísticos, a fim de que saiba como revisá-los, dar títulos e acima de tudo, dar um “polimento”:
Matéria - todo texto jornalístico de descrição ou narrativa factual. Dividem-se em matérias "quentes" (sobre um fato do dia, ou em andamento) e matérias "frias" (temas relevantes, mas não necessariamente novos ou urgentes). Existem ainda os seguintes subtipos de matérias:

*matéria leve - texto com informações pitorescas ou inusitadas, que não prejudicam ou colocam ninguém em risco; muitas vezes este tipo de matéria beira o entretenimento*suíte - é uma matéria que dá seqüência ou continuidade a uma notícia, seja por desdobramento do fato, por conter novos detalhes ou por acompanhar um personagem*perfil - texto descritivo de um personagem, que pode ser uma pessoa ou uma entidade, um grupo; muitas vezes é apresentado em formato testemunhal*entrevista - é o texto baseado fundamentalmente nas declarações de um indivíduo a um repórter; quando a edição do texto explicita as perguntas e as respostas, seqüenciadas, chama-se de ping-pong*opinião ou editorial - reflete a opinião do veículo de imprensa (não deve ser assinado por nenhum profissional individualmente).

Artigo - texto eminentemente opinativo, e geralmente escrito por colaboradores ou personalidades convidadas (não jornalistas).

Crônica - texto que registra uma observação ou impressão sobre fatos cotidianos; pode narrar fatos reais em formato de ficção.

Nota - texto curto sobre algum fato que seja de relevância noticiosa, mas que apenas o lide basta para descrever; muito comum em colunas.
Chamada - texto muito curto na primeira página ou capa que remete à íntegra da matéria nas páginas interiores.

Texto-legenda - texto curtíssimo que acompanha uma foto, descrevendo-a e adicionando a ela alguma informação, mas sem matéria à qual faça referência; tem valor de uma matéria independente

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O que é Edição?

“O editor é como um artesão que deve ‘limpar’ o texto jornalístico, eliminando o que for desnecessário ao entendimento, e ‘dar brilho’, redigindo um bom texto, nítido, coerente e interessante”.
- Maria Elisa Porchat –

A jornalista e autora do livro Manual de Jornalismo da Rádio Jovem Pan definiu bem o que é editar. Trata-se de uma montagem de trechos selecionados, a fim de construir um texto pronto para ser publicado e lido por pessoas de todas as idades, todas as diferenças sociais, econômicas, regionais, não importa.

A clareza e a concisão de um texto, se dependem do repórter, dependem mais ainda do editor. Pois é dele a palavra final do que deve ou não ser apresentado. Não apenas no texto, mas também em outros recursos, como o olho, o título, os subtítulos, etc. Abaixo, vamos ver os termos mais utilizados em se tratando de edição:

Edição = Seleção das informações que serão publicadas e principalmente sua apresentação (intertítulos, notas, ilustrações).

Editor =Aquele cuja função é publicar textos, que prepara, de acordo com as normas editoriais, um texto ou uma seleção de textos para figurar numa publicação.

O termo deriva do latim editor, editóris, “o que gera, produz, o que causa; autor, fundador; o que dá jogos, espetáculos”. Até a invenção da tipografia, no século XVII, homens cultos eram os encarregados de preparar textos, revisá-los e apurá-los para depois colocar em circulação.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Imprensa é Notícia_11

Associados lançam a revista Hit
Título voltado ao estilo de vida da classe A será a primeira mensal do grupo em Minas Gerais

O Grupo Diários Associados prepara o lançamento de sua primeira revista mensal em Minas Gerais, a Hit. O novo título é voltado aos endinheirados da classe A, com foco no estilo de vida da faixa mais abastada da população. Seu conteúdo abordará temas como comportamento, consumo, cultura, turismo e tendências.

O primeiro número circula a partir do dia 14, com tiragem de 25 mil exemplares dirigidos a um mailing vip de assinantes do jornal Estado de Minas e venda avulsa em bancas nas regiões nobres de Belo Horizonte. Em Minas, os Associados já publicam a revista bimestral Ragga, com temática jovem, tiragem de 10 mil exemplares e distribuição gratuita via mailing.

Fonte: Meio & Mensagem

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Aula de 07/11 - Marco Bahé



Nesta sexta-feira, 07/11, o Jornalista Marco Bahé vai estar com a gente, conversando sobre o trabalho em revistas.

Marco Bahé é formado em Jornalismo e pós-graduado em História Contemporânea e História do Nordeste do Brasil. Foi repórter da Gazeta Mercantil para os estados de Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte. Também atuou como repórter do Jornal do Commercio, editor da Folha de Pernambuco e repórter especial do Diario de Pernambuco. Atualmente é correspondente da revista Época no Nordeste e colabora para as agências de notícias Folha de S. Paulo (Brasil), Ansa (Itália) e Anba (Oriente Médio).

Local: Sala 509

Cronograma - Quatro Elementos




Entrega do Esboço de Matérias – 18/11
Entrega da Matéria Definitiva – 21/11

A Matéria:

Entre 20 e 40 linhas
Fazer um relatório de matéria
Fonte Times new Roman, Tamanho 12, Espaçamento 1,5
A matéria pode ter pequenos vídeos ou áudios
O relatório deve constar o nome completo, esboço do perfil (profissão, tempo de carreira, relevância do personagem, etc.), endereço, e-mail e telefone de cada personagem

Crônicas

Parente próxima da Literatura, a crônica jornalística reflete situações da rotina diária, criando uma identificação entre o cronista e o leitor. Carlos Drummond de Andrade dizia que o cronista "se permite usar um tratamento mais coloquial, usar o pronome eu e contar como é que foi o dia anterior.(...) Mas às vezes esse eu é imaginário, falo de uma coisa que não aconteceu comigo, mas que poderia ter acontecido. Eu acho que essa receita de crônica pode interessar ao leitor. Mas interessar relativamente”.

Na mesma entrevista, Drummond cita Machado de Assis como o maior cronista brasileiro. O próprio Machado de Assis em sua obra Crônicas Escolhidas, define a origem do gênero como um encontro de vizinhas a “escarafunchar” as ocorrências do dia.

A seleção citada apresenta crônicas machadianas que se relacionam exatamente com os fatos da rotina diária: Como comportar-se no bonde, Impostos, Briga de Galo, Meditações no Bonde, Caso de Bigamia, O Cronista e a Semana, etc.

No dicionário a crônica é definida como artigo de jornal ou revista, assinado, com reflexões sobre assuntos diversos como Literatura, Teatro, Política, temas policiais, acidentes, fatos rotineiros, etc.

São grandes nomes da crônica brasileira: Machado de Assis, João do Rio (Paulo Barreto), Olavo Bilac, Manuel Bandeira, Rachel de Queirós, Carlos Drummond de Andrade, Genolino Amado, Rubem Braga, Sérgio Porto, Antonio Maria, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, José Carlos de Oliveira, João Ubaldo Ribeiro, Mário Prata, Veríssimo etc.

Em relação ao conto literário, a diferença da crônica é que ela não tem personagens definidos. Retrata pessoas e fatos da vida real, situações concretas que são ou podem ser vivenciadas na rotina diária. Como em outros textos recreativos, a crônica inclui um ponto ótimo de tensão intelectual. “Se for simples demais ou de difícil entendimento, o prazer de ler será menor", conforme ensina Sérgio Vilas Boas

Naturalmente vai escrever uma boa crônica o repórter que tem boa formação cultural; acentuado hábito de leitura; texto fluente, fácil e agradável; sensibilidade para observar os fatos do dia e transformá-los em saborosas crônicas com as técnicas do próprio conto literário: Início ( fato a ser analisado ou caricaturado ), desenvolvimento ( com observações que mostram pleno domínio da língua e ampla visão de mundo ) e fim ( com uma frase engraçada, uma piada, uma "moral da história" etc.).

A recomendação básica é ler atentamente boas crônicas, observando-lhes a estrutura, para depois iniciar-se no gênero com segurança. Nenhuma disciplina técnica poderá passar um formato fechado, padrão, quadrado, hermético sobre como produzir o texto imaginativo, pois não se trata de uma receita de bolo, trata-se de criatividade. E isso vai do potencial de cada um.

Textos Recreativos

Porque o Jornalismo tem se preocupado com textos voltados para o lazer do leitor? Na era pós-industrial o lazer passou a ser valorizado como hábito inteligente e indispensável à reciclagem física e mental das pessoas. É um comportamento cada vez mais presente nas sociedades desenvolvidas. Sentar-se a um canto para saborear uma boa crônica ou rir com as piadas dos textos caricaturais ou dos quadrinhos não faz mal a ninguém. Só faz bem.

O próprio ato de trabalhar vai sendo revisto de outros modos em nossos dias. Especialistas orientam as empresas a abrirem cada vez mais espaço para o convívio prazeroso entre os funcionários, através de excursões ou de exercícios de Ginástica Laboral.

Com a automação industrial, com as novas tecnologias, a Informática e a globalização, pode-se ganhar o mesmo ou até mais trabalhando menos e organizando melhor o tempo. Basta ter preparo e criatividade para ficar no mercado mesmo quando os postos de trabalho estão se reduzindo. Muitos profissionais já conseguem trabalhar em casa independente de ter vínculos trabalhistas com uma empresa.

No Gênero Recreativo o que se explora é, exatamente, esse potencial de criatividade que os fatos da vida encerram, mesmo os mais comezinhos, rotineiros e simples. E se faz isto com amplo sucesso, porque está claro que existe uma demanda por esse tipo de texto voltado para o lazer, a caricatura, a crítica social.

O Livro-Reportagem

No entanto, as revistas semanais de informação apresentam falhas. Aí surge o livro-reportagem, (New Journalism, nos EUA nos anos 60, no qual os repórteres produziam matérias frias com arte e emoção), para preencher os vazios informativos deixados pelo jornal, revistas, emissoras de rádio, noticiários de TV.

O livro-reportagem é um trabalho de historiador e romancista. Trabalha com arte, emoção, aposta entre os aspectos objetivos e subjetivos da realidade. No Brasil o New Journalism, influenciou a Revista Realidade, lançada em abril de 1966. Suas reportagens preocupavam-se com o contexto e a situação em torno do acontecimento.

Um exemplo clássico de livro-reportagem é a obra Os Sertões, de Euclides da Cunha, que descreve a Guerra de Canudos, Antônio Conselheiro e de como uma comunidade inteira foi destruída pelo poder então vigente. Outro exemplo hoje visto como Literatura é o livro Com a FEB na Itália, do cronista Rubem Braga, que relata a atuação da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A Concorrência

Aos domingos, os jornais desdobram notícias, se aproximando do estilo magazine além de trazer os cadernos e suplementos. Assim, concorrem com as revistas.

A revista é uma prática jornalística diferenciada por ter gramática própria, fotografias, design, texto mais próximo da Literatura, uso estético da palavra, recursos gráficos, programação visual. A revista divide-se em: ilustradas, especializadas e informação geral. Os assuntos visam à contemporaneidade e atualidade. O planejamento editorial inclui o ritmo gráfico; visual; capa atrativa; texto em tópicos frasais e documentais.

O diagnóstico de uma notícia envolve a captação, análise e seleção. Submeter os dados recolhidos a uma seleção crítica e depois transformá-los em matéria, significa interpretar. O Jornalismo Interpretativo determina o sentido do fato, por meio da rede de forças que atuam nele. Não há àquela correria de prazos; e procura identificar notícias que despertam interesse no leitor.

A reportagem da revista informativa apresenta a notícia em profundidade, objetividade e ética. Puxa o cordão dos fatos, oferece diferentes ângulos, dados estatísticos, depoimentos e prognósticos. Diferente do jornal informativo diário, que é uma narrativa horizontal e limitada do acontecimento.

O leitor tende a buscar uma leitura complementar, e a revista vai preencher essa lacuna. Ela antecipa expectativa, razões e conseqüências que escapam á primeira vista no jornal. Arredonda a informação, faz uma projeção para a semana seguinte, responde às causas dos fatos.

A revista enfrentou várias tendências. Concorreu com a TV, enfrentou custos altos e o noticiário diário. Atualmente é comercializada por meio de assinaturas e anunciantes. Mas, a tendência de uma revista é determinada por seus leitores.

Tornando a falar sobre a concorrência com os jornais, os cadernos de cultura e suplementos dos jornais aproximam do estilo Magazine. Cinema, música, artes, ensaios, TV, livros são assuntos que tem leitores cativos. O texto é mais opinativos, coloquial, livre e usa os neologismos. Já a revista trata da mesma maneira tanto a matéria de cultura quanto à de política. Isto é, acrescenta ao texto conteúdo complementar, ou ângulo próprio.

No entanto, revistas e jornais são diferentes. A revista é periódica e o texto mais atraente e criativo enquanto os jornais se restringem aos fatos. A reportagem é desenvolvida com ritmo, beleza, refinamento, improvisação e liberdade. Apropria-se do diagnóstico, investiga e interpreta o assunto. Mas, não dispensa a técnica, inspiração, boas palavras, harmonia, sensibilidade, sofisticação, beleza, e unidade no pensamento. O texto da revista é diferencial, porque é conseqüência de um conteúdo bem elaborado e criterioso.

A TV tem influenciado a fórmula das revistas atuais, por isso, elas têm deixado de ousar menos. Os fatos globalizados, os meios de Comunicação e computadores têm refletido na produção jornalística das revistas. Devemos ter cuidado, pois a informatização, não garante a qualidade da informação. É preciso criatividade na forma e no conteúdo.

Estilística e Narrativa

Cada revista tem seu estilo, modo de ser e sua linguagem. Nesse contexto, a padronização e racionalização se tornam necessidades. A imprensa busca unidade, legibilidade e identidade do texto. A revista permite o uso das entrelinhas e apresentação da tendência da matéria, do jornalista e do veículo.

A reportagem tem a função de desdobrar, pormenorizar e dá um relato aos fatos principais e subjacentes. Ela é uma narrativa, então, solte um pouco as amarras da padronização. A Reportagem-Ação começa pelo mais atraente e a Reportagem Documental aproxima-se da pesquisa. Mas, a investigação faz parte de qualquer reportagem.

Dissertar ou argumentar, descrever e narrar são recursos que permitem a variação do ponto de vista. No Jornalismo, utilizamos normalmente o gênero narrativo. Ou seja, na terceira pessoa. Outro elemento, importante, é o tempo que pode ser visto nas seguintes formas: lingüístico (passado, presente, futuro), psicológico (estados internos, individuais), físico (natureza: sol, dia...) e cronológico (calendário, marco social...).

A reportagem narrativa é um dos gêneros mais importante em Jornalismo, e talvez o que se mais aproxima da Literatura. A reportagem é co-irmã do conto, pois ambos são predominantemente narrativos, são textos curtos e densos, abordam questões humanas, começam com um problema e têm início, clímax e desfecho. A única diferença é que o Jornalismo não faz ficção, não cria seus personagens.

O Ordenamento de Idéias

O texto deve ser trabalhado com mais tempo, estilo e discernimento para análise dos fatos. Criatividade, interpretação e recursos de estilo compõem sua base. Trata-se de um documento histórico, e por isso mesmo, devemos nos preocupar primeiro com as idéias, e em seguida com a linguagem.

Um roteiro ajuda a organizar o pensamento e as informações. Primeiro cria-se o clima, a tensão e por último a explicação para o leitor. É um jogo de inteligência por parte do redator a fim de seduzir quem lê o texto.

O desenvolvimento do texto deve ser claro e conciso. Usamos o bom senso no uso das palavras e pontuações. Enumerar, descrever, detalhar, comparar, criar contrastes, exemplificar, lembrar, ilustrar, dar testemunho e confrontar idéias faz parte desse estilo.

O uso dos verbos declaratórios (os chamados verbos dicendi) apóia as falas/indagações das fontes. O texto deve possuir causa e conseqüência, um encerramento remetendo ao início e que apareça na hora certa. Admite interpretação e ponto de vista do jornalista.

Possui características atemporais, por isso procure uma boa angulação. Mantenha unidade, coerência das idéias. Use conjunções, advérbios, locuções adverbiais, pronomes, palavras denotativas e não esqueça das frases curtas e encadeadas.

Desconfie sempre do seu texto, por isso revise quantas vezes for necessário, verifique se está organizado. Cheque a Gramática, Ortografia, fatos, citações, declarações e peça para outra pessoa ler. Saiba cotar o que não for essencial, use da leveza, retire alguns detalhes irrelevantes.

Além de escrever bem é preciso ter habilidade com as palavras. Saiba condensar, mas traga novidades. A reportagem da revista deve acompanhar o fato, e ir além dele. Mas, não deve ter a palavra final. E, sim, ampliar o contexto da notícia.

Redigir e Editar uma Revista - Definição

Jornalismo é um estilo de comunicação, e revista semanal é um estilo jornalístico. Portanto, está vinculado ao tempo e à interpretação. A revista possibilita maior liberdade ao jornalista para associar suas idéias e experiências. Para isso, as técnicas literárias ajudam nesse processo.

As revistas resgatam o Jornalismo Interpretativo, em profundidade, de tal forma que os jornais diários não fazem. A revista exige texto elegante, sedutor, próximo da Literatura, técnica apurada, talento, raciocínio lógico e, acima de tudo, uma grande apuração que seja capaz de proporcionar um aprofundamento na investigação do fato.

Por ser semanal (ou mensal), preenche o vazio informativo deixado pelas coberturas dos jornais, rádio e televisão. Não precisa de um lide, mas sim de uma abertura envolvente. E no encerramento, busque novas imagens, citações ou anedotas que se amarrem à idéia central.