quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Edição_Manual1_12

Malícias Editoriais

Quando um jornalista é convidado a ser editor de uma publicação, pressupõe-se que o profissional carrega anos de experiência, aprendendo a incorporar visões de mundo sem se sentir manipulado pelo sistema. Mas isso, como diria uma frase-clichê, é uma “faca de dois gumes”, pois faz com que o editor se arrisque a cair em armadilhas que afetem o julgamento dos fatos. Em meio à roda-viva dos fechamentos, muitos editores acabam tornando-se reféns de lobbies, assessorias de imprensa e dos patrões.
Editorializar a pauta – A mídia não precisa mostrar ostensivamente suas preferências, pois consegue mostrar os dois lados e ainda assim omitir dados esclarecedores. Por exemplo, se um veículo de Comunicação apóia um candidato, não faz propaganda dele, simplesmente enfatiza eventuais falhas/defeitos de seus adversários.

Editorializar a página – Não existe, de forma alguma, isenção no fechamento das matérias. Ao escolher uma imagem, uma foto, uma pose, o editor escolhe automaticamente um personagem. Da mesma forma, pode ocorrer o contrário, como o corte de fotos, gráficos ou informações.

Conservadorismo – Os pressupostos acabam por contaminar a notícia dos fatos, justamente ao seguir a regra de noticiar sempre o que é “de interesse”. Assim, as notícias envolvem acontecimentos e não contextos (que muitas vezes explicam e causam esses fatos), privilegiam pessoas em detrimento de grupos, destacam conflitos em vez de consensos e dá luz ao que atualiza o fato, não ao que o explica.

Tempo – O dead-line é o “bode expiatório” desse comportamento editorial, pois com a desculpa de “correr contra o relógio”, acabamos por ver falhas na apuração, trabalhos mal-feitos e a constante preocupação de não levar um “furo” da concorrência.

Julgamento – A Imprensa, muitas vezes, acaba tomando o papel do Estado, ainda mais em países como o Brasil, em que o Poder Público se mostra falho. Isso traz como conseqüência as condenações e absolvições sumárias

O Jogo das Fontes – As fontes são necessárias para que se tire dúvidas ou se chegue a novas informações. No entanto, alguns entrevistados tentam reverter a situação de modo que a matéria se torne favorável a eles. Cabe ao editor filtrar as informações e a forma como elas são fornecidas.

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