segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Edição_Manual1_05

Como a falta de atenção detona um trabalho de Edição

O artigo abaixo mostra de que forma uma desatenção editorial acabou entrando para o hall das “Pérolas do Jornalismo”. Em setembro de 2005, o jornalista capixaba Sandro Fuzatto escreveu para o site Observatório da Imprensa sobre um erro crasso de edição. Vamos ao trecho do artigo escrito por Fuzatto:

A GAZETA, ESJornal manda leitor "sifu"
Por Sandro Fuzatto em 26/9/2005


Imagine a cena: 10 de setembro, sábado. Você acorda um pouco mais tarde, vai à sua banca de jornais preferida, compra seu diário informativo e volta para casa para lê-lo. Na sala, começa a passear os olhos e lê uma notícia e outra. Chega ao caderno de cultura (Caderno 2 – no caso, do jornal A Gazeta, do Espírito Santo) e encontra uma notícia sobre um exilado político da China que, agora, entre outras atividades, acabou de escrever um livro, que tem sido sucesso mundial.

Em meio à diagramação da página você encontra uns caracteres chineses. Bom, já é estranho o fato de um jornal escrito em português ter uma frase, destacada no meio da página, escrita em chinês. Mais estranho ainda é quando você gira a página do jornal em 90 graus no sentido anti-horário. A suposta frase em chinês é, na verdade, uma frase em português, escrita de maneira estilizada, passando-se por um texto em chinês. Ah, já ia me esquecendo de dizer, quando você gira a página do jornal, você pode ler, com todas as letras, a frase: "Vá se fuder!".


Se ainda não está acreditando, veja as imagens abaixo:

Figura 1 Página inteira do jornal A Gazeta do dia 10 de setembro de 2005.
Figura 2 Detalhe dos escritos "chineses”

Figura 3 Página do jornal virada. Assim dá para ver nitidamente o que estava realmente escrito no jornal A Gazeta de 10 de setembro de 2005.

Apenas um engano
Curioso como todo jornalista, procurei logo me informar sobre o que acontecera. Primeiro, li toda a matéria, atenciosamente, para saber se o tal escritor chinês não estava fazendo algum tipo de publicação com mensagens subliminares ou algo parecido. Li tudo, não havia nada na matéria em relação ao simpático recado da "escrita chinesa". Liguei para a redação do jornal, falei com alguns jornalistas. Explicação: sobrou espaço na página, para ilustrar e compor a diagramação, procuraram na internet um símbolo, uma frase, qualquer coisa que lembrasse a China ou o chinês. Encontraram essa imagem, acharam-na bonitinha e publicaram.

Que lástima!
Acho que desse episódio fica uma lição e um ponto para reflexão.
A lição é simples: não se deve publicar em páginas de jornal, revista, livro ou seja lá o que for algo que não se compreenda. Corre-se o risco de fazer uma grande bobagem. Como o ocorrido neste caso.

O ponto de reflexão merece um pouco mais de explicação. É claro que o ocorrido no jornal A Gazeta, do Espírito Santo, foi apenas um engano. Certamente, ninguém em sã consciência colocaria algo semelhante nas páginas de um jornal diário.

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